R PRATES - COREIA

Fidelis Nepomuceno de Carvalho Prates (também chamado Júnior) nasceu a 12 de setembro de 1812 em Cachoeira do Sul (RS) e faleceu em São Paulo no dia 17 de julho de 1891, aos 78 anos de idade. Era filho de Fidélis Nepomuceno de Carvalho Prates (1786-1865) e de Clara Florinda de Avelar (1791-1832), de tradicional família estancieira no Rio Grande do Sul e envolvida no comércio de gado e muares, atividade esta que lhes proporcionaram grande fortuna. Fidelis e seu irmão Fidêncio seguiram com os negócios da família e posteriormente estavam atuando em Sorocaba e São Paulo. Já na capital paulista Fidelis Prates se casa com Ana da Silva Machado, filha do poderoso empresário gaúcho João da Silva Machado, o Barão de Antonina, que também enriqueceu com o comércio de gado vindo do sul do país. Interessante notar que seu irmão Fidelis Prates também se casa com outra filha do Barão, Inocência Júlia da Silva Machado, ou, de outra forma, são dois irmãos Prates casados com outras duas irmãs filhas do Barão de Antonina. Após seu casamento, o comendador Fidelis Prates passa a residir no Campo da Luz, numa chácara vizinha à propriedade de seu sogro e ali constrói um opulento palacete em estilo neoclássico que depois vende ao Marquês de Três Rios. Parte de sua antiga chácara deu origem à atual Rua Prates. Fidelis Nepomuceno Prates foi um dos principais moradores de São Paulo na segunda metade do século XIX. Membro da Irmandade da Misericórdia, concedeu expressivos donativos para a Santa Casa. Com negócios também em Santos, foi membro da diretoria do Banco Mercantil de Santos. Em São Paulo, foi sócio da Casa Bancária da Província de São Paulo. Em 1875 participou de uma das primeiras comissões encarregadas da edificação do Monumento do Ipiranga, ano também em que esteve envolvido na criação do Instituto Dona Ana Rosa ao lado do Barão de Souza Queiroz, do Conselheiro Carrão e do dr. Rego Freitas. Também por essa época participou ativamente na fundação da Associação Protetora da Infância desvalida, para a qual destinou grande fortuna. No ano de 1877 ele foi destaque na imprensa paulistana por conta de uma importante doação realizada à Província de São Paulo que ficou assim registrada: “Donativo importante – O sr. comendador Fidelis Prates fez donativo à província de um terreno na Luz, contíguo à casa de sua residência, para o fim de aí edificar-se uma casa destinada à escola pública daquele bairro. Somos informados que a repartição de obras públicas está chamando concorrentes para a realização imediata desta obra. São dignos de elogios tanto o doador como o governo que trata de aproveitar com a máxima rapidez o importante donativo feito por aquele distinto cavalheiro. Noticiando o fato desejamos ter ocasião de repeti-lo mais vezes, trazendo ao público atos de civismo como este.” (jornal A Província de São Paulo edição de 23/01/1877).  Em 1881 atuou ao lado do Visconde de Itu, Antônio Proost Rodovalho, Francisco de Souza Queiroz Filho e Antônio Prado para a fundação da Associação Paulista de Agricultura, Comércio, Industria e Colonização. Foi também acionista e um dos diretores da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. O comendador Fidelis Nepomuceno Prates faleceu em São Paulo no dia 17/07/1891 na condição de viúvo, pois sua esposa d. Ana da Silva Prates havia falecido em abril de 1874. O casal teve os seguintes filhos: Eugênio da Silva Prates, Júlia da Silva Prates, Otávio da Silva Prates, além de Gustavo da Silva Prates (falecido na juventude em 1870) e Augusto da Silva Prates, falecido em 1882.

No dia 7 de outubro de 1857, o comendador Fidelis Nepomuceno Prates solicitou à Câmara Municipal que esta lhe desse “alinhamento para a sua chácara localizada no largo defronte ao convento da Luz, a fim de esquadrejar o seu terreno e poder assim edificar o prédio que pretendia construir em frente ao oitão do mesmo convento e também aformosear aquele lugar.” Grande proprietário de terrenos no então chamado Campo da Luz, o rico empresário levou adiante sua empreitada e construiu, entre 1857 e 1860, um suntuoso palacete que chamou a atenção pelo estilo neoclássico, então uma novidade na São Paulo daquela época. O pioneirismo de Fidélis Prates com seu palacete na esquina da atual Av. Tiradentes com a Praça Cel. Fernando Prestes, deflagrou um movimento que atraiu para a região outros moradores, dando início assim ao arruamento dos atuais bairros da Luz e do Bom Retiro. A partir da inauguração da Estrada de Ferro e da Estação da Luz em 1867, esse movimento ganhou envergadura com a edificação de outros palacetes como os da família Souza Queirós, Souza Barros, Aguiar de Barros, Pais de Barros e Paula Souza, entre outros. Mas, foi mesmo a ousadia de Nepomuceno Prates em construir seu palacete naquele “arrabalde” a grande força motriz para que deu início à urbanização da região. A residência do comendador Prates  foi mais tarde adquirida pelo Marquês de Três Rios (que também incentivou e foi responsável pela abertura de novas ruas na região), sendo escolhida em 1894 para sediar a recém-inaugurada Escola Politécnica de São Paulo. Logo após a finalização das obras de seu palacete, em 1860, Fidelis Prates entrou em acordo com a Câmara e cedeu parte de sua chácara para que esta fosse utilizada mais tarde como um largo. Este foi o início da atual Praça Coronel Fernando Prestes. Entretanto, o palacete não foi a única edificação levada a efeito pelo Comendador Prates na Luz, uma vez que já em 1864 ele solicitava novamente à Câmara Municipal outro alinhamento “para edificar em terrenos ao lado do rancho nacional da Luz”. Já a partir da década de 1870, a região passa por um grande processo de crescimento, momento este em que o bairro recebe as primeiras propostas para a instalação de linhas de bondes (1876) e aberturas de novas ruas a exemplo da antiga Rua Barão de Antonina, atual Ruas Dr. Rodrigo de Barros e Bandeirantes, no Bom Retiro, em 1878. Naquela oportunidade, o vereador Pacheco de Toledo informou que o novo traçado desse logradouro passaria por terrenos dos senhores Vergueiro, Prates e outros, mas estes, além de não colocarem obstáculos, ainda se prestavam a auxiliar nessa empreitada. Dez anos depois, o Marques de Três Rios e Fidelis Prates resolveram, lotear suas chácaras, fato este que deu origem às ruas Três Rios e Guarani, bem como duas transversais: a Rua Prates e a Rua Amazonas. A esse respeito, o engenheiro da Câmara informou através de ofício que “as ruas oferecidas pelo exmo. Marquês de Três Rios, em seus terrenos no bairro da Luz, tem a largura de 16 metros e que o terreno é todo plano à exceção da parte do comendador Fidelis Prates” (Atas da Câmara, 22/01/1889). Em 1891 a Rua Prates já estava consolidada, momento este em que recebeu seus primeiros moradores. Eram eles majoritariamente operários e imigrantes. Italianos e portugueses principalmente, muitos deles trabalhadores nas ferrovias que por ali mantinham suas oficinas ou nas estações. A rua Prates, aberta pelo comendador Fidelis Prates em sua chácara, foi uma das preferidas pelos novos moradores que chegavam ao novo bairro chamado Bom Retiro e tal foi o seu adensamento e importância adquirida que a Prefeitura logo foi obrigada a promover diversos melhoramentos, De fato, também os moradores assim o exigiam e promoviam diversos abaixo assinados dirigidos à municipalidade (06/05/1891). A principal reivindicação de todos, moradores era a abertura e continuidade desta rua até as proximidades da Estação da Luz, uma vez que naquele momento a Rua Prates possuía apenas dois quarteirões, ou seja, ela estava circunscrita entre as Ruas Bandeirantes e Três Rios. Várias tentativas nesse sentido foram realizadas, como em 1900, quando foi apresentado um projeto “declarando de utilidade pública os terrenos necessários para o prolongamento da Rua Prates até sair na Rua Ribeiro Lima” (04/01/1900). Mas, a questão era complicada, tanto que meses depois os moradores novamente reclamaram e no dia 03/07/1900 foi apresentada uma outra proposta nas seguintes condições: “A Comissão de Obras tendo examinado a representação inclusa feita por grande número de habitantes pedindo a abertura de uma rua que comunique o bairro entre a Luz e o Bom Retiro com a estação, e achando inteiramente procedente a representação (...) apresenta o seguinte projeto: Art. 1º Fica o Prefeito autorizado a abrir uma rua que, partindo da rua José Paulino, vá à rua Ribeiro de Lima, sem indenização alguma aos proprietários, cujos terrenos forem cortados pela mesma rua; (...) Art. 3º Ficam isentos de impostos municipais por cinco anos a contar da data da presente lei a rua que for aberta pelas famílias Dulley, Prates e outras a partir da rua Ribeiro de Lima em linha reta até a travessa Guarani. Os dois trechos citados no projeto referem-se à Rua Prates, o primeiro da Rua José Paulino que, margeando o Jardim da Luz, chegaria até a Rua Ribeiro de Lima, e o segundo que, cortando outro quarteirão, seguiria até a Rua Guarani. Mas, esta não era uma tarefa fácil e somente depois de muita luta de seus moradores é que a Rua Prates teve comunicação com a Estação da Luz. Em 1905 esses trabalhos estavam em andamento, ocasião em que alguns melhoramentos foram realizados, inclusive a colocação de guias (07/10/1905), mas o calçamento da rua somente viria dois anos depois, em 1907 (20/04/1907). Entretanto, os trabalhos completos de extensão da Rua Prates somente seriam finalizados por completo entre 1908 e 1910, período este em que ela recebeu calçamento. Em 1913, os mapas da cidade já nos mostram este logradouro na sua extensão atual. A partir da década de 1920, muitas famílias judias especialmente da Rússia, Lituânia e Polônia começam a chegar ao bairro do Bom Retiro e muitas delas passam a residir na Rua Prates. Posteriormente, a partir da década de 1960, são os sul-coreanos que chegam e mais recentemente muitos bolivianos e outros imigrantes sul americanos. De fato, e desde o seu início, destaca-se o aspecto multicultural do bairro que se faz representar na Rua Prates, que é dos brasileiros, italianos, judeus, coreanos, bolivianos e de tantas outras culturas, sem distinção.    

Em 22 de março de 2022, através da Lei nº 17.760, Art. 1º Fica acrescido o nome Coreia à Rua Prates, no Distrito do Bom Retiro.

Justificativa - Projeto de Lei nº 610/2021, vereadora Sandra Tadeu: Homenagem à população coreana que vive na cidade de São Paulo. O logradouro que terá acréscimo ao seu nome está situado em uma região onde moram e trabalham aproximadamente 50 mil cidadãos de origem coreana. Vale salientar que a Coreia é um importante parceiro econômico do nosso país, o que torna justa tal homenagem. 

Começa na Rua Mamoré e termina na Avenida do Estado.

Nomes anteriores: Rua Prates

Fonte: Dic.Ruas