R DONA VERIDIANA, 14
CEP 01238-010
Bairro Higienópolis
Veridiana Valéria da Silva Prado nasceu em São Paulo no dia 11 de fevereiro de 1825, no casarão de sua família, então localizado na Rua Direita, esquina com a Rua São Bento, na atual Praça do Patricarca. Era filha de Antonio da Silva Prado, o Barão de Iguape, detentor de uma das maiores fortunas da época, e de d. Maria Cândida de Moura Leite, ela uma mulher de forte personalidade que se achava divorciada de seu primeiro marido. Já na infância, Veridiana chamava a atenção de todos pela graça e vivacidade. Nessa ocasião, a própria Marquesa de Santos a teria elogiado, chamando-a de “menina misureira”. Como era costume naquela época, e por imposição de seu pai, Veridiana casou-se muito jovem, com apenas 13 anos de idade, no dia 24 de junho de 1838, no Rio de Janeiro, com seu tio Martinho da Silva Prado, ele nascido em 1811, era meio irmão de seu pai e acabara de se formar pela Faculdade de Direito de São Paulo. O casal teve os seguintes filhos: Antonio da Silva Prado (nascido aos 25/02/1840), Veridiana (1842, viveu apenas seis semanas) Martinho da Silva Prado Júnior (17/11/1843), Ana Blandina (30/11/1844), Veridiana (1846, a segunda com este nome e falecida com 18 meses) Anésia (31/03/1850), Antonio Caio da Silva Prado (13/06/1853) e Eduardo Paulo da Silva Prado (27/02/1860). Durante os 10 primeiros anos de casamento, Veridiana viveu com o marido na recém-adquirida fazenda Campo Alto, então localizada em Mogi Mirim, e que era grande produtora de açúcar. Posteriormente esta fazenda passaria para o município de Limeira e, mais tarde, para Araras. Há que se destacar que Veridiana contribuiu com a venda de suas joias para que Martinho pudesse adquirir a Campo Alto. Nesse sentido, pode-se dizer que Veridiana era também sócia de seu marido nos negócios. Apesar da convivência feliz nos dez primeiros anos de casamento, as diferenças entre o casal tornaram-se mais agudas com o passar do tempo e especialmente após a morte do Barão de Iguape, em 1875, que era um grande mediador nos conflitos familiares, a discordância de opiniões ficaram mais patentes. Em 1876, a filha Blandina, ainda solteira e com 33 anos, é pedida em casamento por Antonio Pereira Pinto Júnior. Veridiana aceita prontamente a proposta, mas Martinho se opôs tenazmente. A insistência de Veridiana venceu e o casamento foi realizado em março de 1877. Mas, a relação entre o casal já estava muito desgastada, o que leva Veridiana a se separar do marido em 1878. Por essa época a família ocupava, desde 1848, uma chácara ao lado da igreja da Consolação. Mas poucos anos depois, em 1882, Veridiana resolveu realizar um velho sonho: viajou para Paris, indo visitar justamente sua filha Ana Blandina, futura condessa Pereira Pinto pela Santa Sé, que ali vivia com seu marido diplomata. Encantada com a vida na capital francesa, Veridiana volta para São Paulo e no mesmo ano de 1882 inicia a construção de um palacete na chácara que comprara em 1879 no então bairro de Santa Cecília e que ficaria conhecida como “Vila Maria”, uma homenagem de d. Veridiana à sua fiel dama de companhia, Maria das Dores, ela casada mais tarde com Antonio Pacheco Chaves, num matrimônio arquitetado por Veridiana. A chácara de d. Veridiana localizava-se na antiga Rua Santa Cecília (atual Dona Veridiana) cujo terreno seguia um pouco abaixo da Rua Marquês de Itu, e do outro lado estendia-se pela Rua Pacaembu, atual Av. Higienópolis, até as proximidades da Av. Angélica. A planta de seu palacete, em estilo renascentista francês, ela trouxera da Europa e, aqui, a construção ficou a cargo do engenheiro Luiz Liberal Pinto que importou todo o material utilizado. O palacete de d. Veridiana impressionava os paulistanos mesmo durante as obras que seguiam céleres em 1883. Nessa ocasião, o jornal O Estado de São Paulo noticiava (aos 25/05/1883) que o pintor Almeida Júnior acabara de expor ao público em seu atelier o seu último trabalho: uma alegoria ao sono, um grande medalhão encomendado pela sra. Veridiana para ornamentar o teto de uma das câmaras de dormir, “no palacete que está construindo no Arouche. É um trabalho magnífico. Uma belíssima mulher, nua, de uma carnação esplêndida, sentada em uma cadeira de estilo grego, que adormeceu ao doce som de uma pequena orquestra de querubins; dir-se-ia uma serenata nas nuvens”, completou o jornal. Em maio de 1884, ainda com as obras em andamento, Veridiana parte para mais uma temporada na Europa (Correio Paulistano 15/05/1884), retornando depois de alguns meses já com a casa finalizada. Em novembro de 1884 São Paulo recebe a visita da família imperial e no dia 18 a Princesa Isabel visitaria a amiga já instalada em seu palacete. Conforme notícia publicada no jornal Correio Paulistano de 19/11/1884: “Ontem às 2 horas da tarde, S. A. a Princesa Imperial visitou o hospital da Beneficência Portuguesa (...) voltando à casa do sr. conde de Três Rios, dali saiu à 3h30 em companhia dos príncipes d. Pedro e d. Luiz, e percorreu em carro especial da Cia. Carris de Ferro, diversas linhas, visitando no trajeto a fábrica de tecidos do major Diogo de Barros, a tipografia Seckler, seguindo depois para a Consolação visitou o palacete da exma. Sra. d. Veridiana Prado, onde demorou-se até as 6 e meia.” Em seu diário, escreveria a princesa: ““A propriedade de D. Veridiana, lindíssima; casa à francesa, exterior e interior muitíssimo bonitos, de muito bom gosto. Os jardins tem gramados dignos da Inglaterra, a casa domina tudo, há um lagozinho, plantações de rosas e cravos, lindos. Vim de lá encantada”. Além de toda a beleza, o palacete contava com os mais modernos equipamentos a exemplo de um aparelho telefônico, cuja instalação ocorrera também em 1884. Naquela época, São Paulo contava com apenas 11 linhas, sendo Veridiana a única mulher assinante. Dois anos depois, em 1886, D. Pedro II faria sua última viagem a São Paulo, ocasião em que também visitou d. Veridiana em seu palacete, no dia 20 de outubro, à tarde, na companhia da imperatriz, do visconde de Paranaguá, barões de Ivinheima e de Saboia, e dos condes de Três Rio e de Itu. Conforme o jornal Correio Paulistano do dia 21/10/1886, após uma visita à Santa Casa de Misericórdia, “a exma. sra. d. Veridiana Prado teve a honra de receber a visita de SS. MM. e de toda a comitiva, na bela residência de sua propriedade sita no bairro de Santa Cecília.” Certamente pela proeminência de d, Veridiana, mas também pela simbologia de seu palacete na cidade, no dia 20/03/1888 os vereadores decidiram modificar o nome da Rua Santa Cecília que, a partir de então, passou a denominar-se “Rua d. Veridiana Prado”, posteriormente simplificado para Rua Dona Veridiana. Veridiana da Silva Prado marcou época em São Paulo, seja pelas obras de caridade, seja pelo seu incentivo à agricultura, aos esportes e às artes. Marcou época também pelos seus empreendimentos, uma vez que participou de inúmeras empresas, inclusive como proprietário de jornal, a primeira que o Brasil conheceu. Sob esse aspecto, vale lembrar que em 1892, e para auxiliar seu filho caçula, Eduardo Prado, então proprietário do jornal “O Comércio de São Paulo”, ela injetou capital na empresa e assumiu sua direção. Mesmo após o falecimento de Eduardo, ocorrido em 1901, d. Veridiana continuou á frente do jornal e, muito ativa, requereu em 1902 na Junta Comercial de São Paulo o registro da nova marca que adotara para o periódico. Posteriormente, ela mesma venderia o jornal a Francisco Glicério. Apesar de ser uma conhecida monarquista, mesmo após a Proclamação da República, Veridiana demonstrava desde cedo sua inclinação pela libertação dos escravos. Em 1870, por exemplo, presidiu a Sociedade Redentora para libertação dos escravos, composta por algumas senhoras da sociedade. Dona Veridiana faleceu em seu palacete no dia 11 de junho de 1910, sendo sepultada no cemitério da Consolação. Em seu testamento, deixou diversos legados às instituições de caridade, mas especialmente à Santa Casa de Misericórdia.
Fontes: HOMEM, Maria Cecília Naclério; “Higienópolis – grandeza e decadência de um bairro paulistano”, Prefeitura de São Paulo, 1980D’AVILA, Luiz Felipe, “Dona Veridiana – a trajetória de uma dinastia paulista”, SP, A Girafa Editora, 2004; TEIXEIRA, Maria de Lourdes, “Uma dama da belle époque”, in: Suplemento Literário de “O Estado de São Paulo” de 25/02/1979; “Dicionário Mulheres do Brasil de 1500 até a atualidade”, de Schuma Schumaher e Érico Vital Brasil, R.J., Zahar Editores, 2000; GAMBETA, Wilson Roberto, “E a bola rolou – O Velódromo Paulista e os espetáculos de futebol 1895-1916”, SP, Sesi Editora, 2015. Correio Paulistano e O Estado de São Paulo de 12/06/1910.
Começa na Rua Frederico Abranches e termina na Avenida Higienópolis. Vila Buarque.
Fonte: Dic.Ruas
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