R DO PARAISO

Esta rua começou a ser aberta em 1887 como parte de um novo bairro que então surgia na cidade de São Paulo e que, a princípio, foi chamado de Campos do Paraíso.

Antes de sua existência, toda essa área era parte integrante de uma grande propriedade conhecida na cidade como "Chácara D. Alexandrina", propriedade de D. Alexandrina Maria de Moraes. Esta chácara, localizada entre as atuais Avenidas Brigadeiro Luis Antonio e Liberdade, se estendia desde as imediações da Rua Pedroso e seguia até a colina onde hoje se encontra a atual Praça Oswaldo Cruz e a Rua do Paraíso. Esta área incluía o Vale do Ribeirão Itororó onde mais tarde foi aberta a Avenida 23 de Maio. Ainda no século XIX, D. Alexandrina e seu genro Francisco Antonio Pedroso abriram por conta própria a Rua Pedroso, num ato que foi aprovado pela Câmara Municipal no dia 4 de março de 1885.

Após o falecimento de D. Alexandrina que que ocorreu no dia 9 de abril de 1886, seus herdeiros decidiram promover um grande leilão para a venda da propriedade, um fato  que foi amplamente divulgado na imprensa da época. No anúncio publicado no jornal O Estado de São Paulo do dia 12/10/1886, por exemplo, destacamos as seguintes informações:

“LEILÃO – Grande venda de uma importante chácara com grande casa para moradia, extensos pomares, grande plantação de árvores frutíferas e hortaliças, jardim com chafariz de água nascente, pastos fechados, situada entre as ruas de Santo Amaro e Liberdade. Lugar alto, arejado e saudável, de onde a vista descortina toda a cidade e seus arrabaldes. Uma fazenda encravada na cidade. Junto à mesma chácara, um grande pasto fechado contendo três alqueires de terrenos com água corrente  e em terras de qualidade.”

A descrição da propriedade – na verdade uma verdadeira fazenda, veio acompanhada de inúmeros elogios onde se destacavam as suas qualidades: lugar alto, arejado e saudável, de onde se descortinava uma vista privilegiada de toda a cidade e seus arredores. Noticiava-se também que a propriedade era composta por extensos pomares com árvores frutíferas, ou seja, um verdadeiro paraíso.  

A chácara seria arrematada pela Empresa Industrial de Melhoramentos do Brasil, muito conhecida naquela época em São Paulo e no Rio de Janeiro pelos seus empreendimentos imobiliários. Claro que a intenção da empresa era a de lotear a área e, para isso, foi escolhido um nome que representava todas aquelas características. Assim, o novo bairro foi chamado de Campos do Paraíso.

Em 1890, quatro anos depois de iniciado o loteamento, a Câmara Municipal já reconhecia oficialmente o bairro “Campos do Paraíso” como integrante do 4º Perímetro da cidade, ao lado do Bexiga, Vila Mariana e outros. Por essa época, um dos limites do novo bairro era justamente a sua principal via, ou seja a Rua do Paraíso, que começou a ser aberta em 1887.

Em 1891 a rua já estava consolidada, especialmente no seu trecho entre a Rua Vergueiro e o “Largo do Paraíso”, atual Praça Oswaldo Cruz. O segundo trecho então conhecido “parte baixa” começava na na Rua Vergueiro e terminava no Córrego da Aclimação, nas imediações da atual Rua Armando Ferrentini. Entre as diversas nascentes que existiam nesse local, uma em especial ficou bastante famosa, pois produzia uma água considerada a mais saudável as Capital, a chamada “Água do Paraíso”, que era engarrafada e vendida nos melhores restaurantes.    

A princípio, seu leito era de terra batida e um primeiro calçamento seria realizado apenas entre 1901 e 1902 (Lei nº 541 de 08/10/1901), e a parte baixa somente em 1912. Mas esse último trecho era o mais problemático, e as obras continuaram entre 1916 e 1920 (Ato nº 848 de 26/01/1916).

Já por essa época, havia sido constituída a empresa Sociedade de Terrenos do Paraíso que, a partir de então, foi a responsável pela venda dos terrenos e abertura de novas ruas (Lei. 3.420 de 14/11/1929).    

A Rua do Paraíso, entretanto, continuava sendo interrompida pelo Córrego da Aclimação que corria a céu aberto, e isso até 1936, ocasião em que o então vereador Achilles Bloch da Silva solicitou a construção de “um bueiro ou galeria para a canalização das águas do córrego que atravessa a rua do Paraíso, nos fundos e na baixada que liga com o bairro Jardim da Aclimação, facilitando assim a comunicação dos moradores locais.” Outra sugestão seria a construção de uma ponte como indicou outro vereador:

“A Aclimação é um dos melhores bairros de residência da Capital. Perto do centro, altitude conveniente, seco, topografia pinturesca (sic), figura ainda como o mais salubre entre todos na respectiva ficha do Serviço Sanitário. Entretanto, está sendo prejudicado por falta de orientação urbanística. É indispensável pois que a repartição competente da Prefeitura lance suas vistas sobre ele e, entre outros serviços de inadiável necessidade, faça no prolongamento da rua Paraíso, a ponte necessária sobre o pequeno córrego entre a parte velha e a nova denominada Morro da Aclimação, estabelecendo-se assim fácil comunicação entre o Paraíso, Vila Mariana e Aclimação.”

Esses trabalhos, entretanto, somente foram realizados plenamente nas décadas de 1950 e 1960 (Decreto 1.424 de 04/09/1951).

Fontes: Atas da Câmara de São Paulo de 12/11/1884, 04/03/1885, 23/04/1890, 11/02/1891, 19/01/1898, 10/04 e 03/10/1901, 04/07/1902, 09/09/1911, 23/02 e 04/05/1912, 21/09/1914, 01/05/1915, 24/03/1920, 26/09/1936, Jornal A Gazeta de 1914, O Estado de São Paulo de 12/10/1886, Correio Paulistano de 09/02/1898, Commercio de São Paulo de  18/08/1894

Começa na Rua Topázio e termina na Avenida Bernardino de Campos.

Nomes anteriores: Rua Um

Fonte: Dic.Ruas