AV RUDGE

As primeiras menções oficiais a esta Avenida datam de janeiro de 1891, ocasião em que a Companhia Carris de Ferro de São Paulo solicitou licença para assentar novos trilhos desde a esquina da Rua Guaianases com a Alameda Eduardo Prado, no final da Av. Rio Branco, e até a “projetada Alameda João Rudge até a Casa Verde e prolongamentos possíveis.” Como resposta, os vereadores paulistanos responderam que a Companhia deveria aguardar a abertura da nova avenida. E, de fato, a construção dessa avenida era de difícil execução, uma vez que a área escolhida para a sua abertura era constituída por terrenos alagadiços da várzea do Rio Tietê. Não por outro motivo, aquela área da cidade era conhecida como várzea das minhocas ou por “salta-salta”, aqui indicando a dificuldade de se transitar por um terreno com muitas poças d’água. E justamente por essas características, nos limites entre o Bom Retiro e a Barra Funda, a atividade mais difundida eram as olarias que fabricavam os tijolos e as telhas tão necessárias para os novos prédios da Capital. Mediante essas dificuldades, a abertura dessa avenida requeria a execução de alguns aterros, motivo pelo qual ela permaneceu em obras até pelo menos 1893. Por outro lado, nos mapas da cidade de 1895, 1900 e 1901, a Av. Rudge consta ainda como “projetada” e somente aparece como aberta no mapa de 1905. Durante todo esse período, ela aparece citada ora como “Avenida Rudge”, ora como “Avenida João Rudge”, e nesse último caso especialmente a partir de 1914, ocasião em que surgem as propostas para o seu calçamento bem como o das ruas transversais. Nesse sentido, e apesar da grafia abreviada, a Av. Rudge é uma homenagem a João Maxwell Rudge.              

João Maxwell Rudge nasceu no Rio de Janeiro no dia 16/09/1839, filho do inglês John Rudge e de d. Maria Amália Maxwell. Seu pai veio para o Brasil em 1808, provavelmente quando da mudança da família real portuguesa para o Rio de Janeiro. Posteriormente em São Paulo, John Rudge adquiriu a fazenda Morumbi, onde iniciou a plantação de chá, cultivando também videiras, para a produção de vinho. João Maxwell Rudge casou-se em São Paulo pela primeira vez com d. Luisa Pereira de Campos Vergueiro com quem teve os filhos Ana Vergueiro Rudge, Olympia V. Rudge, João V. Rudge, Paulina V. Rudge e Horácio Vergueiro Rudge; pela segunda vez casou-se com Dulcelina de Almeida e teve os filhos Raul, Oscar e Dulce Rudge. Pelos idos de 1867, João Maxwell Rudge constituiu sociedade com Ernesto Conrado Steidel com casa de comércio e de importação. A princípio correu tudo a contento, ocasião em que João Rudge figurou como um dos acionistas da Cia. Paulista de Estradas de Ferro. Entretanto, e com muitas dívidas, a casa comercial foi à falência em 1872. Recorrendo à fortuna pessoal, João Rudge quitou todas as pendências, mas ao final estava sem capital, quase reduzido à pobreza. Sem dinheiro, mas com um nome honrado, não foi difícil se reerguer. Com grande conhecimento técnico, mas sem diploma, auxiliou nas obras de expansão das linhas da estrada de ferro da Cia. Paulista sob a direção de André Rebouças e Paula Souza. Esteve presente também na construção da Estrada de Ferro da Cantareira e na E. F. São Paulo – Rio de Janeiro, onde trabalhou com William Whitmann e Charles Dulley. Improvisou-se engenheiro e construiu várias residências na Praça da República, Vila Buarque e Higienópolis. Em 1882 adquiriu o Sítio da Casa Verde e ali dedicou-se à fruticultura, introduzindo espécies europeias e asiáticas. Por essa mesma época, fundou a Empresa de Navegação a Vapor do Rio Tietê, entre a Capital e Mogi das Cruzes, além de trabalhar como inspetor da E. F. São Paulo – Rio de Janeiro. Após o seu falecimento, ocorrido no dia 04/06/1897, o sítio da Casa Verde passou aos seus filhos do primeiro casamento que, em 1912, lotearam a área dando início ao atual bairro da Casa Verde.

Começa na Rua Solon e Termina no Rio Tietê.

Fonte: Dic.Ruas